Indicadores demonstrando o crescimento do número de novos empreendimentos sempre são favoráveis como termômetro da atividade econômica, como é o caso dos números divulgados pelo Serasa Experian apontando um novo Micro Empreendedor Individual (MEI) a cada dois segundos no País.
A avaliação é do presidente da ACIJS e do Centro Empresarial de Jaraguá do Sul, Luis Hufenüssler Leigue, mas no caso dos MEIs esse é um movimento que precisa de atenção quando se trata da sustentabilidade dos negócios.
Para o empresário, o avanço na ‘pejotição’ – termo que caracteriza a criação de figuras jurídicas em vários segmentos – é uma demonstração de que a economia se renova e, diante das dificuldades, se apoia por vezes na criatividade de pessoas que ao perderem seus empregos buscam alternativas de renda.
Ele cita que o surgimento de mais empreendedores individuais no País vem se acentuando com as mudanças na legislação trabalhista, ampliando-se agora como reflexo da pandemia. Setores como o de informática que se vale, principalmente, da internet, ganharam mais impulso e levou muitos profissionais a abrirem seus próprios negócios.
“Com as restrições que a pandemia trouxe, a prestação de serviços em novos formatos deu maior escala para os micros e pequenos empreendedores. É importante que se dê a estrutura para sustentar esse crescimento”, assinala Luis Leigue.
Dentre as questões mais urgentes, aponta, está o acesso a crédito e a programas que auxiliem a melhoria da gestão, tema de pauta permanente da ACIJS.
“As micro e pequenas empresas são as que primeiro sentem os efeitos de uma crise, é o setor que mais precisa de apoio, mas nem sempre o dinheiro está acessível e no caso dos MEIs essa é uma situação ainda mais crítica porque muitas vezes esses empreendedores não têm garantias a oferecer às instituições de crédito, sejam ligadas ao governo ou ao sistema financeiro privado”, reitera.
Dados confirmam expansão
Conforme o Indicador de Nascimento de Empresas da Serasa Experian, o Brasil ganha um novo Micro Empreendedor Individual (MEI) a cada dois segundos. No acumulado do primeiro semestre deste ano, foram registrados 1.654.167 novos microempreendedores individuais.
No comparativo entre os seis primeiros meses de 2021 e 2020, o índice apresentou um crescimento de 31,2%, expansão semestral mais expressiva desde 2012, quando o acumulado de janeiro a junho marcou alta de 38,7%.
O levantamento revela que os MEI se mantêm como a principal categoria no consolidado geral, com representatividade de 79,9% nos seis primeiros meses deste ano. Na sequência, aparecem as Sociedades Limitadas (12,6%) e Empresas Individuais (3,4%). No total, foram criados 2.070.817 empreendimentos – um aumento de 30,9% frente ao primeiro semestre do ano passado. De acordo com o índice, o Brasil teve mais negócios abertos nos primeiros seis meses de 2021 do que o total de 2016 e dos anos anteriores.
Desempenho de outros segmentos
Considerando a visão total das empresas abertas, o setor de Serviço possui a maior representatividade dentro do total acumulado de empresas criadas (66,9%). Na análise que compara os seis primeiros meses deste ano com o mesmo período de 2020 o segmento cresceu 29,2%. Quando analisadas as atividades das empresas abertas, nove das 20 principais são de serviços, que vai desde alimentação (9,2%) até serviços médicos (1,3%).
Considerando os demais setores de atuação, o comércio teve a alta mais expressiva (37,2%), com 24,4% dos novos negócios. Para a indústria, o aumento foi de 30,9%, mas as companhias dessa área equivalem a apenas 7,6% do número geral de 2.070.817 de novos empreendimentos.