Em meio ao aumento da inflação de alimentos, combustíveis e energia, o Banco Central (BC) apertou ainda mais os cintos na política monetária. Na quarta-feira, dia 16, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu realizar aumento da Selic, de 10,75% ao ano para 11,75% ao ano. Neste ciclo de alta da taxa básica de juros, o movimento já era previsto por analistas financeiros, com aumento da taxa Selic desde março do ano passado, quando os juros saíram da mínima histórica de 2% ao ano. Com a alta recente, o Selic registrou o maior nível em quase cinco anos.
A presidente da Associação Empresarial de Jaraguá do Sul (Acijs) e do Centro Empresarial de Jaraguá do Sul (Cejas), Ana Clara Franzner Chiodini, também avalia que a elevação da taxa Selic já vinha sendo sinalizada pelo Copom, como reflexo do crescimento dos indicadores de inflação e, agora, com os efeitos com conflito entre Rússia e Ucrânia.
Ana Clara faz duas leituras sobre o quadro, em reportagem do portal OCP News, com impactos negativos em relação ao custo do crédito para empresas que se preparam para uma retomada econômica no pós-pandemia, mas ao mesmo tempo favorecendo o controle da inflação.
Segundo ela, como a economia brasileira ainda não está plenamente estável, o crédito mais caro acaba gerando incertezas no ambiente de investimentos e muitos projetos ficam inviabilizados. Por outro lado, observa, a medida tomada pelo Banco Central pode se mostrar positiva como uma ferramenta para segurar o crescimento inflacionário, até então mais localizado no País e devido à crise internacional com efeitos em outras regiões em função do aumento nos preços de comodities como o petróleo, no custo de energia e de alimentos, por exemplo.
“Estes são fatores que sempre influenciam muito a inflação no Brasil, e com o conflito entre Rússia e Ucrânia ganham contornos mais preocupantes porque envolvem cadeias de suprimentos importante como a da indústria de alimentos, como o é o caso do trigo, e mesmo de fertilizantes, onde ainda temos dependência de fornecedores externos”, observa.
Conforme comunicado do Copom, os juros básicos continuarão sendo elevados até que a inflação esteja controlada no médio prazo. Para a próxima reunião, o Copom indicou que também deve aumentar a Selic em 1 ponto percentual. O órgão, no entanto, informou que reduzirá o ritmo das altas da taxa Selic nas próximas reuniões, porque a economia ainda está sentindo o impacto dos aumentos anteriores. Segundo o Copom, os futuros passos da política monetária poderão ser alterados para garantir a convergência da inflação para suas metas.
Outro reflexo apontado pela presidente da ACIJS diz respeito à atratividade do País junto a investidores internacionais. “Quando percebem que o País busca um equilíbrio na sua economia interna, isso gera um interesse por investimentos. Mesmo diante de uma instabilidade política que pode se acentuar no período eleitoral, um ambiente econômico favorável pode ser um vetor de desenvolvimento com a entrada de capital que poderia ser deslocado para outras regiões”, reitera Ana Clara.
Controle da inflação
A taxa Selic foi elevada por conta da inflação persistente no Brasil. A taxa básica de juros é o principal instrumento do Banco Central para controlar a inflação oficial do país, calculada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
O Banco Central tem a responsabilidade de manter a inflação brasileira nem muito alta e nem muito baixo. Ao elevar a Selic, os preços e o dinheiro ficam mais caros. Consequentemente, as pessoas tendem a gatar menos. Sendo assim, quando há aumento de juros, a economia passa a esfriar.
No acumulado de 12 meses até fevereiro, o IPCA chegou a 10,54%. Apenas em fevereiro, a inflação foi de 1,01% — sendo o maior nível para o mês desde 2015. O IPCA vem sendo pressionado pela alta nos combustíveis e pelas elevações do começo de ano nas despesas de educação. (Com informações do portal OCP News e Agência Brasil de Notícias)