Notícias 04 maio, 22

Evento mostrou a importância de qualificar projetos para tornar cidades mais saudáveis e com desenvolvimento sustentável

Seminário evidencia iniciativas para tornar cidades mais inteligentes e sustentáveis

O conceito de cidades mais humanas, inteligentes, saudáveis e sustentáveis passa por uma articulação da sociedade e seus atores – poder público, representações organizadas e academia – pensando soluções em conjunto que levem em conta o bem-estar da sua comunidade.

A afirmação foi enfatizada no II Seminário Cidades Mais Saudáveis, realizada nesta terça-feira (3) no Centro Empresarial, com a participação de especialistas e lideranças. O evento foi organizado pelo Programa Jaraguá Mais Saudável, uma iniciativa que teve início em 2016 como resultado de uma mobilização social envolvendo a sociedade civil, empresários e poder público.

Dois painéis debateram caminhos para a sustentabilidade das cidades: Ana Maria Girotti Sperandio, pesquisadora ligada ao Laboratório de Investigações Urbanas da Unicamp e coordenadora da rede de municípios potencialmente saudáveis, abordou o tema “Planejar a cidade na perspectiva da promoção à saúde”, e Eduardo Moreira Costa, diretor geral do Laboratório Internacional LabCHIS – Cidades Humanas, Inteligentes e Saudáveis, falou sobre “Cidades Humanas, Inteligentes e Sustentáveis”. Também foram apresentados cases de projetos alinhados com a temática do evento: Jean Cardoso, CEO da plataforma de mobilidade inteligente GoMoov, e Jeferson Ferrari, coordenador de Projetos do Hospital São José), apresentou o caso do Programa 60+, desenvolvido na instituição.

O seminário oportunizou aos participantes uma reflexão aprofundada sobre o tema, tanto de forma individual como coletiva, e sobre como se pode evoluir nessas iniciativas dentro da sociedade moderna. A presidente da ACIJS e do Centro Empresarial, Ana Clara Franzner Chiodini, destacou a importância de valorizar iniciativas que envolvam cada vez mais a comunidade em torno da melhoria de indicadores de qualidade de vida, e lembrou da atuação das entidades na mobilização que tornou realidade o programa Jaraguá Mais Saudável.

“Essa sempre foi uma iniciativa muito alinhada com as diretrizes da ACIJS, apoiada pela classe empresarial e com o envolvimento da Prefeitura e de tantas outras entidades, no esforço para que tenhamos uma cidade desenvolvida de maneira sustentável, com práticas saudáveis que nos tragam saúde, bem-estar e qualidade de vida, apoiada em valores que fazem parte do dia a dia da nossa comunidade. Quando falamos em cidades modernas, inteligentes, cada vez mais integradas pela tecnologia, não podemos ignorar a importância das pessoas que fazem a nossa cidade ser referência em saúde, educação, segurança e cultura. E como empresas, as instituições e a população pensam unidas no mesmo propósito de construção de um ambiente que seja favorável ao desenvolvimento da economia, mas também o lugar onde constituímos nossas famílias e estabelecemos muitos dos nossos objetivos de vida”, afirmou.

Para o presidente do Jaraguá Mais Saudável e vice-presidente regional da FIESC, Célio Bayer, a agenda é importante para manter o propósito que fez do município destaque em qualidade de vida. “Atitudes saudáveis são a garantia de uma comunidade com saúde e qualidade de vida”, reiterou Bayer.

O evento também foi acompanhado por estudantes da Unicamp, ampliando também para um público qualificado uma pauta que vem mobilizando a comunidade de Jaraguá e região.

Confira alguns dos momentos do seminário:

A pesquisadora Ana Maria Girotti Sperandio enalteceu a proposta de se pensar a saúde de maneira integral e do debate estar associado ao planejamento urbano das cidades. “A ausência do planejamento urbano traz ambientes não saudáveis, esse é um movimento que envolve a sociedade, o poder público e a academia”, explicou. A especialista aponta a importância das pessoas fazerem do município uma parte de si mesmas, “pois o município representa uma extensão de seus bairros, de extensão da sua casa, assim como o bairro é uma extensão de suas ruas, de suas casas, do seu próprio corpo. Sem desenvolver esse processo de identificação de pessoas com os espaços, não há municípios saudáveis”.

Outro entendimento é de que a cidade saudável deve proporcionar uma conexão e inter-relação com a vida das pessoas que vivem em espaços urbanos e podem decidir e colaborar na tomada de decisões pela cidade para que abra o conceito de “cidade desejável”. Cada vez mais é preciso que a gestão público atue de forma integrada a universidades, organizações não governamentais e a comunidade para que os projetos aconteçam e se tenha clareza sobre qual a estratégia que se pode por uma cidade com mais qualidade. “As pessoas precisam ter o senso de pertencimento para buscar esse ambiente de mudança e com um processo de governança é possível ter uma trilha que leva a uma condição de cidade saudável. Atuar em redes, com politicas públicas integradas entre universidades, setor público, academia e com isso construir ambientes saudáveis em interface com os desejos das pessoas”, pontuou.

Seguindo a mesma abordagem, Eduardo Moreira Costa falou dos resultados alcançados pelo Laboratório Internacional LabCHIS – Cidades Humanas, Inteligentes e Saudáveis. Para ele, cada vez mais a sociedade deve levar em conta o bem-estar das pessoas. Ele apontou três conceitos que reforçam a ideia de cidades mais humanas, inteligentes e sustentáveis: que as cidades valorizem ambientes que aproximem moradia, lazer e trabalho no mesmo lugar e reconheçam o entorno como ambientes que qualificam o dia a dia das pessoas. Nas políticas públicas, alinhadas ao planejamento das cidades, deve-se ouvir o cidadão e evitar soluções prontas, além da urgência de se desconstruir modelos mentais antigos e ultrapassados quando se trata de projetos para as pessoas das áreas urbanas.

“É preciso olhar mais para o básico, as cidades modificam a partir de pequenos exemplos, mudando pontos específicos que exigem menos complexidades e ver o que pode ser modificado na direção de um local mais humano, inteligente e sustentável. As pessoas devem ser ouvidas e devem participar para que se saiba quais os projetos estruturantes que devem ser colocados em prática e o restante vai acontecendo ao longo do tempo”, sugere.



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