O cenário mundial de instabilidade econômica, ainda como reflexos da pandemia e do conflito entre Rússia e Ucrânia, associado a polarização da campanha eleitoral tende a retardar um processo de retomada de crescimento ao Brasil. Até as eleições de outubro, o ambiente no país deve ser de incertezas e, componentes como a elevação das taxas de inflação, menos consumo e crédito que compromete o poder de compra da população, além de afetar investimentos do setor privado, devem pautar a agenda política e econômica.
A avaliação é do economista Roberto Padovani, durante palestra no Encontro Empresarial da ACIJS, nesta terça-feira, 10. O evento realizado em parceria com a Rede OCP de Comunicação, marcou a comemoração de 103 anos de fundação do jornal, o periódico impresso mais antigo em circulação em Santa Catarina. Economista-chefe do banco BV, Roberto Padovani, traçou um panorama do comportamento da economia brasileira no contexto global e os efeitos da crise na Europa, as dificuldades que a China enfrenta para superar ainda a pandemia do coronavírus e a desaceleração econômica dos EUA.
De acordo com Padovani, as informações que balizam a tomada de decisões de instituições que analisam o cenário internacional e seus impactos na economia dos países indicam um período de turbulência ao longo de 2022 e 2023. Há vários componentes que, entende, devem trazer cautela nas avaliações sobre o resultado do pleito, mas ele destaca que historicamente o ambiente econômico interfere nos processos eleitorais.
“Não devemos ter um ano de ruptura, não há o risco de uma recessão ou de uma crise política mais aguda como a de 2016, mas esse é um período de muita instabilidade política e de grandes desafios para o setor privado”, observa Padovani. O quadro atual, completa, mostra um cenário político totalmente indefinido e que deve se acentuar na medida em que, não havendo a chamada terceira via, a polarização da campanha entre os dois principais candidatos até o momento – o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula – tende a tornar os discursos mais agudos. Ele aponta como impactos que podem gerar a apreensão do mercado e pressão ao processo eleitoral a falta de informações dos candidatos sobre suas agendas econômicas, que torna difícil para o setor produtivo e para os consumidores a tomada de decisões, e o viés ideológico que contribui para uma instabilidade ainda maior do mercado.
Junto com as incertezas sobre como a campanha se desenrole em termos de agendas propositivas, o ambiente externo também deve ser levado em conta. “Historicamente, o Brasil é um país que depende do mercado global, e qualquer impacto nessa cadeia logística de exportações e importações interfere na economia interna. Vemos um cenário em que Europa e Ásia têm perdido fôlego, ao mesmo tempo em que a economia norte americana desacelera. No curto prazo essa trajetória da economia é preocupante, mas a expectativa é de que ao longo de 2023 se tenha uma queda dos índices de inflação porque existe uma intolerância internacional com as taxas muito elevadas”, completa.
ACIJS enaltece 103 anos do OCP
Na abertura do Encontro Empresarial, a presidente da ACIJS e do Centro Empresarial, Ana Clara Franzner Chiodini, destacou a trajetória da Rede OCP de Comunicação, lembrando que o jornal surgiu ainda quando o município tinha como sua principal base econômica a agricultura. Salientou o papel relevante da empresa, acompanhando o desenvolvimento da indústria, do comércio e do setor de serviços, apoiando o fortalecimento do associativismo empresarial.
Walter Janssen Neto, diretor-presidente da Rede OCP, reforçou o compromisso da empresa de comunicação de informar e conectar a comunidade com os fatos que impactam o município e a região. O empresário destacou a atuação como legado do jornal em sucessivas gestões e cada vez mais alinhado às plataformas digital, eletrônica e impressa que atualmente formam o projeto de mídia do OCP.
>>> Assista a íntegra da palestra de Roberto Padovani no Encontro Empresarial: