A elevada carga tributária voltou ao primeiro lugar no ranking dos principais problemas elencados por empresários do setor industrial brasileiro. A informação, um retrato do quarto trimestre de 2022, faz parte da última edição da pesquisa Sondagem Industrial, que fecha o ano e mostra a tendência da atividade industrial e as expectativas dos empresários por porte de empresa, região geográfica e setores de atividades das indústrias extrativa e de transformação. Com o retorno do problema para o primeiro lugar, a questão da falta ou alto custo de matérias-primas deixou de ocupar a liderança do ranking e passou a ser a segunda da lista.
Além dos principais problemas elencados por empresários no trimestre encerrado em dezembro de 2022, a pesquisa de opinião, produzida pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), apresenta indicadores relacionados ao desempenho da indústria no mês de dezembro de 2022 e às expectativas do empresário em janeiro de 2023. De 3 a 13 deste mês, foram ouvidas 1.688 empresas: 694 de pequeno porte, 571 de médio porte e 423 de grande porte.
“A pesquisa traz a expectativa do empresário e a percepção dele sobre o que aconteceu no mês que se encerrou, antes de números oficiais ou de levantamentos da própria CNI. A Sondagem Industrial do mês de dezembro traz um resultado que já é esperado para o mês, de queda de emprego e queda no nível de atividade, normal para o período. Mas é importante ressaltar que essa queda foi mais branda que em outros anos, especialmente anos de uma atividade difícil para a indústria como 2015 e 2016”, afirma o gerente de análise econômica da CNI, Marcelo Azevedo.
A falta ou alto custo de matérias-primas deixou de ocupar a primeira posição após os empresários industriais seguirem com o ritmo de assinalações em queda pelo sétimo trimestre consecutivo – atingindo o menor patamar desde o terceiro trimestre de 2020. Além dos dois problemas, destaca-se na pesquisa como terceiro principal problema a demanda interna insuficiente, que registrou aumento expressivo nas assinalações no último trimestre, aproximando-se dos percentuais pré-pandemia.
Na quarta posição do ranking de problemas elencados por empresários do setor industrial estão as taxas de juros elevadas, com queda de 1,1 ponto percentual., após seis trimestres consecutivos de alta – questão foi escolhida por 23,8% dos empresários industriais. Em 2022, foram registradas sucessivas altas no item, com percentuais acima dos 20% em todos os trimestres do ano, revelando que a questão ganhou destaque e ainda permanece em patamar elevado. Essa percepção por parte dos empresários está relacionada ao cenário econômico do Brasil, devido aos reajustes consecutivos na taxa Selic.
Completa a lista de problemas a falta ou o alto custo de trabalhador qualificado, questão que seguia em ritmo de aumento de assinalações nos últimos trimestres. O problema registrou queda de 0,6 ponto percentual no último trimestre de 2022, citado por 13,8% dos empresários industriais.
Produção e emprego apresentam queda em dezembro
A produção, o emprego industrial e a utilização da capacidade instalada (UCI) registraram queda em dezembro na comparação com novembro – comportamento esperado para o período. Já os estoques sofreram pequeno recuo, mas seguem acima do planejado. Em relação às condições financeiras no último trimestre de 2022, os empresários registraram piora. Por outro lado, a maioria dos índices de expectativas para janeiro de 2023 aumentou e o otimismo permaneceu difundido. Além disso, a intenção de investimento permaneceu estável no período.
O índice de evolução da produção ficou em 42,8 pontos, resultado abaixo da linha divisória entre queda e crescimento da produção, mas acima da média para o mês de dezembro (41,8 pontos). Ou seja, a queda da produção na passagem entre novembro e dezembro de 2022 foi menos forte do que em outros anos. Comportamento também usual para o período, o resultado do emprego industrial caiu e o índice de evolução do número de empregados foi de 46,9 pontos, o que corresponde a uma diminuição de 2,1 pontos de novembro para dezembro. O resultado está abaixo da linha divisória dos 50 pontos desde outubro, indicando que houve percepção de queda do emprego industrial no último trimestre de 2022.
Em dezembro de 2022, a UCI caiu 4 pontos percentuais (na comparação com novembro, recuando para 67% – movimento esperado, por se tratar um período em que o indicador apresenta resultados menores. O percentual está em posição intermediária entre os últimos dois anos e o resultado de dezembro de anos nos quais a atividade industrial apresentou dificuldades, como 2015 e 2016. Já em janeiro de 2023, o índice de expectativa de demanda registrou 52,2 pontos, o que representa aumento de 1,4 ponto percentual em relação a dezembro. O índice de expectativa de quantidade exportada apresentou leve aumento de 0,4 ponto percentual, registrando 51,1 pontos, enquanto o índice de expectativa de compras de matérias-primas foi de 51,3 pontos, resultado 1,4 ponto maior que dezembro. Já o índice de expectativa de número de empregados permaneceu estável na comparação com dezembro e novembro, com 49 pontos, resultado que sinaliza expectativa de redução do número de empregados.
Arrecadação federal tem recorde e chega a R$ 2,218 trilhões
Segundo a Receita Federal, a arrecadação total de receitas do País fechou o mês de dezembro de 2022 em R$ 210,19 bilhões. O valor representa um acréscimo real de 2,47% em relação a dezembro de 2021, descontada a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). No período acumulado de janeiro a dezembro de 2022, a arrecadação alcançou o valor de quase R$ 2,22 trilhões. O Ministério da Fazenda disse que este é o melhor desempenho arrecadatório para o mês de dezembro desde 2000.
Em relação às receitas administradas, o valor arrecadado em dezembro de 2022 foi de R$ 204 bilhões, representando um acréscimo real de 2,04%. No período acumulado de janeiro a dezembro, a arrecadação alcançou R$ 2,09 trilhões, registrando acréscimo real (IPCA) de 6,64%.
De acordo com a Receita, o aumento observado no mês de dezembro pode ser explicado, principalmente, pelo crescimento dos recolhimentos de Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ), da Contribuição Social Sobre o Lucro Liquido (CSLL).
No acumulado do ano, o IRPJ e a CSLL totalizaram uma arrecadação de R$ 489,6 bilhões, com crescimento real de 17,73%. Esse desempenho é explicado pelos acréscimos de 82,09%% na arrecadação relativa à declaração de ajuste do IRPJ e da CSLL, decorrente de fatos ocorridos ao longo de 2021, e ao acréscimo de 16,9% na arrecadação da estimativa mensal.
“Destaca-se crescimento em todas as modalidades de apuração do lucro. Além disso, houve recolhimentos atípicos da ordem de R$ 42 bilhões, especialmente por empresas ligadas à exploração de commodities, no período de janeiro a dezembro do ano passado, e de R$ 40 bilhões, no mesmo período de 2021”, diz Receita Federal.
O resultado de dezembro de 2022, quando comparado ao mesmo período do ano passado, mostra um recuo de 3,91% no IRPJ (R$ 17,2 bilhões e de 1,11% na CSLL (R$ 9,2 bilhões), resultantes basicamente do decréscimo real de 6,64% na arrecadação da estimativa mensal, principalmente das empresas não financeiras.
A Cofins e o PIS/Pasep apresentaram uma arrecadação conjunta, no período de janeiro a dezembro de 2022, de R$ 406,7 bilhões, representando um acréscimo real de 0,07%.
Esse desempenho é explicado pelo acréscimo real de 8,59% no volume de serviços, segundo a Pesquisa Mensal de Comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (PMC-IBGE), e do decréscimo real de 0,88%, no volume de vendas (PMC-IBGE), ambos no período compreendido entre dezembro de 2021 e novembro de 2022 relativamente ao período compreendido entre dezembro de 2020 e novembro de 2021.
Também contribuíram para o resultado, o desempenho de algumas atividades econômicas, especialmente comércio varejista e entidades financeiras e a redução a zero das alíquotas dessas contribuições sobre os combustíveis, instituídas pelas leis n.º 192 e n.º 194 de 2022.
Em dezembro do ano passado, a arrecadação dos dois tributos foram de R$ 26,4 bilhões para a Cofins e de R$ 7,3 bilhões para o PIS/Pasep, com decréscimos de 12,73% e de 10,04%, respectivamente. (Com informações da Agência CNI de Notícias e Agência Brasil de Notícias)