Debater caminhos para que um dos setores mais ativos da economia de Santa Catarina, a indústria da moda e de confecções, alcance mais impulso na sua cadeia de negócios e gere maior competitividade no mercado.
Com esse propósito, a ACIJS promoveu nesta segunda-feira (26) mais um Encontro Empresarial, abordando nesta edição o tema “A indústria da moda e a economia criativa”, associando aos conceitos de gestão elementos que compõem o processo de desenvolvimento de produtos, produção, de marketing e venda, entre outros.
Realizado em parceria com o Ecossistema Criativo Aion, iniciativa que surge em Jaraguá do Sul com o intuito de provocar reflexões e a disseminação de conhecimentos aplicados à matriz econômica da região, o evento contou com o apoio do SENAI, movimentando cerca de 250 pessoas, entre empresários, estudantes e profissionais de diversos segmentos de negócios, que acompanharam um painel no Centro Empresarial.
Em torno da temática, foram apresentadas três iniciativas fortemente apoiadas no conceito de economia criativa aplicada à moda, com impactos na geração de empregos, ampliação de renda, na melhoria da gestão e crescimento da participação no setor.
Profissionais da área e empreendedoras, Karyn Mattos, Rafaela Donini e Andreia Eliete Caviguioli Voltolini, compartilharam experiências do ponto de vista das estratégias que envolvem o empreendedorismo individual e a administração de todas as etapas de um negócio próprio; da escala industrial que envolve desde o desenvolvimento de coleções, a produção e o lançamento de produtos; e a governança em uma empresa familiar que busca a sustentabilidade por meio da profissionalização de todas as etapas do empreendimento.
Confira na galeria de imagens alguns momentos do painel:
Diretora criativa da MYK, sua própria marca, Karyn Mattos destacou a importância do aprendizado contínuo, desde a formação acadêmica e a concretização do projeto de criação da empresa. Segundo ela, é um processo que exige capacidade de adaptação, para entender o mercado, e como evoluir na proposta de associar ao negócio conexões com o seu próprio estilo de vida. “Sempre pensei em ter roupas a partir das percepções que eu tinha do mercado, algo para que as pessoas se sintam bem, mas sejam peças autênticas e duráveis, ao mesmo tempo em que a empresa precisa ser rentável e possa evoluir como um negócio que valorize o design e outros elementos, mas com equilíbrio financeiro”, explica. Um desafio que, aponta, é permanente, “em que vamos aprendendo caminhando, buscando a evolução, mas sem perder o DNA do que projetei”.
Rafaela Donini, head de comunicação e direção criativa das marcas Lilica Ripilica, Tigor T. Tigre, Marisol e Hapier, falou da experiência de liderar equipes, mas com o envolvimento direto de todas as áreas nas etapas que envolvem os processos de desenvolvimento de produtos e a fabricação, em uma indústria com forte presença no mercado. “Há particularidades e diferenças entre as marcas, posicionamentos de acordo com as características das coleções, mas sempre com a participação de todos os setores e o acompanhamento da diretoria, um desafio para a equipe porque os produtos precisam de um alinhamento e falarem a mesma linguagem”, assinala. A regra, explica, é olhar para o que a empresa acredita, sem perder o foco no propósito de cada marca, mas fazendo prevalecer os valores que a empresa pratica diariamente.
Diretora do Grupo Elian, Andreia Eliete Caviguioli Voltolini destaca a importância da gestão compartilhada em todas as etapas do processo industrial, ressaltando que a liderança deve ser engajadora, demonstrando que quanto mais o time estiver integrado, mais sucesso é alcançado e os resultados são de todos.
“Sempre foi clara a visão de que uma indústria de moda produz mais que roupas, ela movimenta a economia e é responsável por uma rede de desenvolvimento profissional, econômico e social muito grande e potente, que impacta a vida de milhões de pessoas”. Segundo ela, no processo de criação da Elian, a experiência de cada profissional envolvido é uma ferramenta valiosa e indispensável, que permite desenvolver um produto inovador, rever processos, construir novos negócios e criar soluções para o desenvolvimento do varejo.
“Com essa visão, trabalhamos muito na cultura do aprendizado e resultado para criar um ecossistema de evolução e capacitação constante para todos da cadeia. A cultura do aprendizado tem foco na exploração, inovação e desenvolvimento por meio de um ambiente que inspira o aprendizado contínuo. O complemento é a cultura do resultado, com foco em conquistas através de metas, acompanhamento de resultados, valorização da meritocracia e preocupação com o cliente. O cliente sempre no centro e nosso propósito como grande guia”, completa.
A presidente da ACIJS e do Centro Empresarial, Ana Clara Franzner Chiodini, que fez a mediação do painel, destacou a importância de compartilhar as diferentes visões de um setor de extrema relevância para a economia de Jaraguá do Sul e região, movimentando parcela do PIB e a geração de empregos. Assinala a convergência entre entidades como FIESC e SENAI, e a parceria com a Aion, de forma integrada ao ecossistema do associativismo empresarial e com a proposta de trazer ao debate temas que estimulem a economia criativa na região.
Neste sentido, explicou Luis Hufenüssler Leigue, conselheiro da ACIJS e idealizador da Aion, a série de Ciclos Criativos iniciada com este primeiro painel abordará outras áreas. “Os ciclos nasceram da busca por promover discussões e inspiração para o ecossistema criativo do município, com temporadas de palestras, workshops, mostras e conexões pela cidade”, reforça. Outros dois eventos já estão programados para os dias 5 e 13 de outubro.
Giuliano Donini, conselheiro da ACIJS e presidente da Câmara de Desenvolvimento da Indústria Têxtil da FIESC, lembrou que o setor é responsável pela maior geração de empregos em Santa Catarina, concentrando 20% das indústrias no estado e gerando 161.281 postos de trabalho. De janeiro a junho deste ano, o setor atingiu um saldo de 7.312 empregos gerados, o segundo maior no estado. Concentra 13% do PIB industrial de Santa Catarina, cerca de R$ 9,33 bilhões em 2019, e lidera o ranking nacional do setor de roupas, com 26,75% da produção, gerando no biênio 2017/2018 cerca de R$ 6,6 bilhões. “Temos uma indústria competitiva, e muito competente, mesmo Santa Catarina sendo um estado territorialmente menor. Mas ainda há o desafio de tornar as nossas marcas conhecidas, com uma identidade que a faça reconhecida nacionalmente. Esse pode ser o grande diferencial para um crescimento ainda maior do setor, é um debate passa pela economia criativa, que traz maior agregação de valor e pode tornar nossa indústria mais promissora”, completa.
O Encontro Empresarial teve o apoio da Levmed, Ravenna | Jeep, SicoobCEJASCRED e Top Sun. Após o evento, o público acompanhou uma exposição da turma de Design da Moda da Faculdade SENAI e do ensino técnico, e de coquetel de relacionamento no Salão de Eventos Rodolfo Hufenüssler.