As perspectivas de retomada do crescimento da economia brasileira são positivas, mas todas as análises devem ser feitas com cautela. O País vem passando por mudanças lentas, porém consistentes que devem estar consolidadas até 2021 ou 2022.
A avaliação é do economista-chefe do Banco Votorantim, Roberto Padovani, no Encontro Empresarial da ACIJS, realizado na noite de terça-feira (30). O evento fez parte da programação em comemoração aos 100 anos do jornal O Correio do Povo, com palestra abordando os cenários político e econômico do mundo e seus reflexos no Brasil.
Para o especialista, é preciso ter confiança e apostar nas mudanças que estão sendo implementadas, como a reforma da previdência e a reforma tributária. Ele alerta, entretanto, que além das reformas estruturais o País está sujeito aos humores da economia mundial, citando a China como sendo ainda o seu principal motor.
“É na crise que surgem as oportunidades, o Brasil saiu de uma crise em 2016 e desde então o que vemos é uma recuperação que pode ainda não ser tão intensa, porém, mesmo lenta se mostra consistente”, aponta Roberto Padovani.
Roberto Padovani assinala que o cenário internacional é favorável para a retomada da confiança e projeta que recursos de investidores devem aportar em setores como infraestrutura, principalmente. “O mundo sabe que o Brasil é uma potência, estamos entre as dez maiores economia e isto gera atratividade. Mesmo considerando que os Estados Unidos passam por uma desaceleração, há possibilidade de chegada de recursos para investimentos de empresas que têm interesse no Brasil, assim como da China em áreas como rodovias e portos”.
Outro aspecto que gera maior confiança é, segundo ele, o fato de que o Brasil procura fazer o seu dever de casa. Explica que a aprovação da reforma da previdência demonstra que o país é responsável e está disposto a ajustar suas contas. O equilíbrio fiscal, o controle da dívida externa, aliado a uma política de abertura com privatizações e concessões, juros baixos e controle da inflação, traz segundo ele maior segurança ao mercado e melhora a competitividade da indústria nacional.
O presidente da ACIJS, Anselmo Ramos, citou dados do IPER – Índice de Performance Econômica das Regiões, levantamento que reúne trimestralmente os principais indicadores que influenciam a movimentação econômica de Santa Catarina, como um termômetro das preocupações do setor produtivo. Os dados apurados pela FACISC – Federação das Associações Empresariais são formados por cinco categorias e 13 variáveis, registrando um crescimento de 0,18% entre o primeiro trimestre de 2019 em relação ao último trimestre de 2018.
O estudo mostra que nos últimos 11 trimestres este é o segundo pior resultado registrado na economia catarinense nesta base de comparação, demostrando uma tendência de queda no acumulado em 12 meses na performance econômica do estado.
“Como este não é um índice governamental, nos traz uma certa confiabilidade e ao mesmo tempo preocupações. Embora a Região Norte no primeiro trimestre apresente 0,22% de crescimento para um crescimento médio de 0,18% no estado, o índice mostra que há uma tendência de decréscimo”, observa Anselmo Ramos.
Conforme Roberto Padovani, a preocupação evidencia um quadro que se repete em todo o Brasil e deve ser ponderada. “São indicadores de que o País ainda não retomou sua plena confiança, com cenários de desaceleração econômica e reações que ainda são lentas, mas por outro lado sinalizam tendências promissoras na medida em que a abertura para investimentos externos avance. As empresas devem focar em seus negócios para aproveitarem as oportunidades que irão surgir”, recomenda Roberto Padovani.
>> Confira a palestra na íntegra > https://youtu.be/dUbBpCq_Kbw