A decisão do Copom – Comitê de Política Monetária de fazer mais um ajuste nos juros básicos é uma tentativa para frear a alta dos preços. Com a medida, anunciada nesta quarta-feira (8), a taxa Selic passou de 7,75% para 9,25% ao ano.
Esse foi o sétimo reajuste consecutivo na taxa Selic, depois de passar seis anos sem elevação. De março a junho, o Copom elevou a taxa em 0,75 ponto percentual em cada encontro. No início de agosto, o BC passou a aumentar a Selic em 1 ponto a cada reunião. Na última reunião, em outubro, o reajuste chegou a 1,5 ponto percentual.
Embora já fosse esperada por analistas do mercado financeiro, entidades do setor produtivo avaliam que a decisão pode comprometer a retomada da economia devido ao aumento do custo de financiamentos e desestimulando a demanda justamente em um momento em que muitas empresas ainda estão se recuperando .
A elevação da taxa de juros, lembra o presidente da ACIJS e do Centro Empresarial de Jaraguá do Sul, Luis Hufenüssler Leigue, é sempre um recurso adotado como forma de contenção da inflação e do custo para a população porque afeta o poder de compra, que tem sido comprometido nos últimos meses. Por outro lado, quando os juros aumentam também há impacto direto em quem busca financiamentos. “A demanda por recursos para investimentos é afetada diretamente e muitas vezes inibe iniciativas que podem ajudar no próprio reaquecimento da economia”, avalia.
Encontrar um ajuste que considere as demandas do País para a retomada do crescimento e ao mesmo tempo evite a expansão mais acelerada dos índices de inflação é o desafio das instituições responsáveis pela política monetária, pondera Luis Leigue.
Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a decisão do Copom é equivocada. De acordo com o presidente da entidade, Robson Braga de Andrade, os últimos dois trimestres de retração do Produto Interno Bruto (PIB) deixaram evidente o quadro adverso da atividade econômica. Além disso, efeitos defasados do aumento da Selic devem contribuir, nos próximos meses, para desestimular ainda mais o consumo e, por consequência, desacelerar a inflação.
“Dessa forma, um aumento menos intenso da Selic, em conjunto com as elevações anteriores, já seria mais que suficiente para levar a inflação até a meta, sem que o Banco Central aumentasse a probabilidade de recessão”, avalia Robson Andrade.
Em razão desse cenário, a CNI entende que as restrições nas condições de crédito para consumidores e empresas poderiam ter seu ritmo reduzido. A decisão do Banco Central por um sétimo aumento expressivo da Selic gera aumento no custo do financiamento e desestimula a demanda, justamente em um momento em que muitas empresas ainda estão se recuperando de um quadro mais crítico por conta da pandemia.
Sobre a Taxa Selic
A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em outubro, o índice ficou em 1,25%, o maior para o mês desde 2002 (1,31%). Em 12 meses, o IPCA chegou a 10,67%.
Para o mercado financeiro, o IPCA deve chegar a 10,18%, neste ano. Tanto o resultado em 12 meses quanto a previsão para o ano estão acima do teto da meta de inflação para o ano. Para 2021, o Conselho Monetário Nacional (CMN) fixou a meta de inflação em 3,75%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. Ou seja, o limite superior é 5,25% e o inferior, 2,25%.
A elevação da taxa Selic ajuda a controlar a inflação. Isso porque juros maiores encarecem o crédito e desestimulam a produção e o consumo. Por outro lado, taxas mais altas dificultam a recuperação da economia.
Ao reduzir os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas enfraquece o controle da inflação. Para cortar a Selic, a autoridade monetária precisa estar segura de que os preços estão sob controle e não correm risco de subir.
A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o Banco Central segura o excesso de demanda que pressiona os preços, porque juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. (Com informações da Agência Brasil e da Agência de Notícias CNI)