A presidente da ACIJS e do Centro Empresarial de Jaraguá do Sul, Ana Clara Franzner Chiodini, avalia a decisão do COPOM de elevar a Taxa Selic a 13,25% ao ano, anunciada na quarta-feira (15), como um movimento preocupante no atual cenário econômico do País.
Ana Clara lembra que esse é o décimo-primeiro aumento consecutivo da Selic, chegando ao maior patamar de juros desde 2016. Os juros altos, pondera, têm sido um inibidor do desenvolvimento, comprometendo a capacidade de investimentos no setor produtivo.
“Hoje o acesso ao crédito é um dos maiores desafios das empresas e os aumentos sucessivos e expressivos da taxa básica de juros geram preocupação até para a manutenção dos negócios”, diz a empresária, posicionando a manifestação da ACIJS ao lado de posições adotados pelas principais entidades representativas do setor produtivo do Brasil, como já declararam Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjam).
Em nota, a CNI informou que a taxa Selic está num nível que inibe a atividade econômica. Para a entidade, os aumentos realizados neste ano se refletem em uma taxa real (juros menos a inflação) elevada, num momento em que a inflação começa a desacelerar. “Este aumento adicional da taxa de juros no momento é desnecessário para o controle da inflação e trará custos adicionais à economia, como queda do consumo, da produção e do emprego”, afirmou o presidente da entidade, Robson Braga de Andrade.
Para a CNI, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) de maio mostrou que os preços dos bens industriais começaram a desacelerar e continuarão nesse movimento no segundo semestre, ainda refletindo os aumentos anteriores dos juros. A entidade também destacou que os preços internacionais de bens agrícolas e da energia mostram estabilidade, após a incorporação do choque provocado pelo conflito na Ucrânia.
A Firjan também se manifesta, avaliando que a Selic não pode ser o único instrumento para contornar o quadro generalizado de aumento de preços que assola a economia brasileira. “A pandemia da Covid-19 e posteriormente a guerra na Ucrânia evidenciaram problemas estruturais no mundo todo. O setor produtivo brasileiro ainda convive com os efeitos da alta dos custos de produção e a população sofre com a deterioração da renda”, expressa nota da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro.
Para a entidade, a continuidade do ciclo de alta da taxa de juros, ainda que em menor magnitude, é duplamente indesejável. “Primeiro, porque sacrifica ainda mais a atividade econômica, que já dá claros sinais de fraqueza. Segundo, porque adiciona um fator de alerta no âmbito fiscal ao elevar o custo do endividamento do setor público”, diz a Firjan ao defender que se busque por outras medidas que possam levar à queda persistente da inflação e à retomada sustentável do crescimento. “É preciso manter a responsabilidade fiscal e preservar o atendimento básico das necessidades da população. A federação reafirma que, diante de um cenário de elevada incerteza, é imprescindível uma política monetária mais moderada e que atenda aos desafios de crescimento econômico do país”, destacou.
A presidente da ACIJS pondera ainda que a decisão do COPOM impacta diretamente nos custos financeiros das empresas e também na sua capacidade de fazer investimentos. “Com esse cenário de juros o desafio para viabilizar investimentos é cada vez maior por parte da iniciativa privada. Essa desaceleração de investimentos pode ter impactos significativos na oferta de produtos, ganho de produtividade, competitividade das empresas brasileiras e até mesmo de modernizações nas suas estruturas”, completa.
A preocupação da classe empresarial é apoiada no crescimento da Taxa Selic que, de janeiro a maio de 2021 havia chegado a 0,96%, e no mesmo período, de janeiro a maio de 2022 é de 4,31%, com uma variação de 350%. (Com informações da Agência Brasil e do Portal OCP News)