O presidente da ACIJS, Giuliano Donini, avalia que a rejeição ao recurso da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em segunda instância, nesta quarta-feira (24), representa um momento histórico para o Brasil e especialmente para a política brasileira. O empresário entende que o resultado do julgamento realizado em Porto Alegre traz simbolismos que não podem ser ignorados, como início de um novo ciclo de mudanças extremas que o País necessita para avançar em desenvolvimento econômico e social.
“Agora, é o momento de virar esta página e entender que o livre desenvolvimento do mercado, que a capacidade de a sociedade ser livre, de poder empreender e desenvolver com igualdade, gerando emprego e renda, no qual o crescimento econômico não pode ficar a mercê de interesses corporativistas que sugam o Estado. O Brasil precisa sair de um círculo vicioso que já vem de algum tempo e nos anos recentes se tornou crucial para que o País não avançasse de maneira célere como nação desenvolvida, tirando o proveito de todo o seu potencial em riquezas, em inovação e na capacidade do seu povo”, diz Donini.
Ao lado dos efeitos que a decisão do Tribunal Regional Federação da 4a Região pode trazer no âmbito da economia, com o aumento da confiança em termos de investimentos, há segundo ele expectativas claras da classe empresarial quanto à mudança de comportamento da classe política e do setor público. “Já se fazia urgente há muito tempo interromper um sistema político viciado que estabeleceu uma relação promíscua de troca de favores, com mecanismos que envolviam estatais e setores da própria iniciativa privada, com distintas formas de corrupção que atrasam o Brasil e prejudicam a sociedade como um todo”.
Giuliano Donini argumenta, neste sentido, a confiança de que o processo julgado esta semana se torne emblemático, “para que se tenha uma limpeza efetiva no círculo da política brasileira”. Entende que o julgamento de uma figura como a de um ex-Presidente da República, na extensão do que ocorreu, é um primeiro passo, talvez não o maior deles, mas em condições de gerar otimismo capaz de fazer o Brasil voltar a ambicionar uma depuração exemplar do ambiente público, da transparência de quem opera o dinheiro público e que ponha fim às distintas formas de corrupção que se tornaram mais intensas nos últimos anos.
Em relação aos efeitos políticos da decisão que confirmou a condenação de Lula, o presidente da ACIJS pondera que seria ingênuo considerar que ele esteja ausente do processo eleitoral, pela liderança que representa no ambiente político. “Evidentemente pode-se esperar um enfraquecimento de movimentos que até então o seguem, mas mesmo com a manutenção da condenação e da extensão da pena de uma maneira ou outra o ex-presidente influencia sem dúvida a campanha, participando diretamente ou nas articulações, o que é natural na democracia”, afirma ao enaltecer que o julgamento num ambiente tranquilo demonstra a importância do País contar com instituições fortes, atuando de maneira independente e livre, respeitando o estado de direito.
O empresário assinala também que o fato de um representante partidário de uma determinada sigla ser julgado e condenado não isenta outras siglas envolvidas em casos de corrupção ou ligadas a mecanismos que corromperam a administração pública, daí a importância de continuidade do processo com a operação Lava-jato e com outras formas de combate a desvios. “É preciso que os setores que atuam nesta área transmitam à sociedade a percepção de que o trabalho de limpeza continuará e que o julgamento de processos que estão tramitando tenham a mesma celeridade, e isto passa também por uma revisão aos privilégios e de blindagens que beneficiam muitos dos agentes públicos e prejudicam o trabalho da justiça”.