O voluntariado é uma atitude de valor humano e de cidadania, que pode ser exercida individual ou coletivamente. Mas necessariamente deve ser entendida cada vez mais como uma atividade que requer profissionalismo, capacidade de gestão, planejamento e estratégia com foco em objetivos capazes de tornar o ato de solidariedade um meio de transformação na sociedade.
A afirmação fica como principal constatação para quem acompanhou o painel “O voluntariado como oportunidade de transformação social”, durante mais uma edição do Encontro Empresarial da ACIJS, nesta segunda-feira (8). O evento reuniu, no Centro Empresarial de Jaraguá do Sul, mais de 200 participantes, entre voluntários de entidades com atuação em Jaraguá do Sul e região, associados da ACIJS e público interessado no tema.
“Devemos ser capazes de olhar para o lado e de percebermos que sempre há alguém que precisa de alguém”, reforçou Alice Kuerten, mãe do tenista Guga Kuerten e presidente do Instituto que leva o nome do filho. Reconhecida como uma referência quando se fala em causas sociais, ela compartilhou a experiência de atuação no voluntariado de Santa Catarina, ao lado do empresário Vicente Donini, também com destacada atuação comunitária e no associativismo empresarial.
Participaram ainda do painel o presidente da Associação de Voluntários do Hospital São José, Joe Gieseler, a arquiteta e vice-presidente de Comunidade e Urbanismo da ACIJS, Caroline Elisa Obenaus Cani, e o líder do Núcleo de Voluntariado Corporativo de Jaraguá, advogado Lucas Cerutti Ponssoni. Mediando o painel, a presidente da entidade, Ana Clara Franzner Chiodini, ressaltou a importância do tema, segundo ela um dos valores que acompanham a história da ACIJS.
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“A grande lição é a oportunidade de fazermos a transformação social”
Alice Kuerten destacou que a filantropia como ação de voluntariado não pode ser uma atividade isolada, mas sim institucionalizada e apoiada em princípios de gestão. Ela contou a experiência de criação do Instituto Guga Kuerten há 22 anos, como uma consequência natural na trajetória que envolve toda a sua família, desde a infância, com o estímulo dos avós. Com atuação em 187 municípios catarinenses e liderando mais de 500 projetos com ênfase no esporte como ferramenta educacional e na inclusão de pessoas com deficiência, enfatiza que é preciso foco e estratégias definidas. “Não vamos resolver os problemas do mundo, mas podemos dar oportunidade de inclusão a quem precisa, muitas vezes, apenas de um olhar, de uma palavra e do apoio em momentos difíceis. Essa é a grande lição, termos a oportunidade de fazermos a transformação social”, completa.
“Cada um de nós pode dar um pouco de si para minimizar as diferenças”
Vicente Donini, presidente do Conselho de Administração da Marisol e ex-presidente da ACIJS, ocupando hoje o Conselho Superior da entidade, também falou sobre a percepção de valor que o voluntariado representa para a comunidade. Membro ativo em várias iniciativas, como no programa Jaraguá Mais Saudável e junto ao Hospital São José, o empresário disse que qualquer ação de voluntariado precisa ter como motivação maior o bem-estar e a felicidade do próximo. “De nada adianta estarmos bem, se o entorno vai mal. Cada um de nós, do seu jeito e condições, pode dar um pouco de si para minimizar as diferenças”, pondera, destacando a capacidade de mobilização social de Jaraguá, com 56 entidades e movimentos organizados em ações voluntárias. Ressaltou ainda o trabalho de entidades de classe que representam segmentos organizados da sociedade civil e igualmente contam com diretorias voluntárias, dispostas a colaborar com o desenvolvimento da cidade e região.
“O reconhecimento é saber que é muito bom fazer isso”
Joe Gieseler, presidente da Associação de Voluntários do Hospital São José, também fez um relato da experiência de participar de várias iniciativas da instituição, com destaque para a Casa de Apoio na assistência a familiares de pacientes. Inaugurada há 5 anos, o espaço representa, na avaliação dele, a materialização do envolvimento da comunidade com a causa. Neste período, são contabilizadas a hospedagem de mais de 1.500 pessoas que acompanham seus entes durante o tempo em que permanecem internados, com o fornecimento de mais de 13 mil refeições preparadas com a doação de 45 toneladas de alimentos recebidas de empresas e de moradores para o espaço, que representa um centro de acolhimento, de assistência e conforto às famílias. O sorriso de gratidão, o reconhecimento de quem recebe a ajuda, explica, “é a grande conquista, de sabermos que é muito bom fazer isso”, ao se referir ao voluntariado.
Comitê vai integrar entidades com atuação no município
O painel contou ainda com depoimentos do líder do Núcleo de Voluntariado Corporativo ACIJS, Lucas Cerutti Ponssoni, que falou sobre a atuação do grupo setorial desde sua criação em setembro do ano passado, e da vice-presidente Caroline Elisa Obenaus Cani, cuja pasta de Urbanismo e Comunidade é responsável pela articulação de várias iniciativas com foco na mobilidade social. Uma destas ações foi anunciada no evento, com a criação do Comitê de Responsabilidade Social ACIJS, cujo objetivo é apoiar de forma sistematizada as entidades que atuam no setor.
O Comitê de Responsabilidade Social inicialmente integra representantes das seguintes instituições: SCAR – Sociedade Cultura Artística (Centro Cultural), Instituto Malwee, Grupo Mãos Solidárias, Grupo de Solidariedade – SOL, Hospital São José, Ação Social, Rotary Club, Núcleo de Voluntariado Corporativo, Rotary Club Vale do Itapocu, Associação Beneficente Novo Amanhã, Associação Jaraguaense de Equoterapia – AJAE, Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE, Associação dos Amigos do Autista de Jaraguá do Sul – AMA, Museu WEG de Ciência e Tecnologia, Associação do Hospital Jaraguá, Rede Feminina de combate ao Câncer, Bombeiros Voluntários e da Associação do Jaraguá Mais Saudável.
Alice Kuerten, que também preside a Rede Feminina de Combate ao Câncer no estado, saudou a iniciativa como um importante apoio quanto ao profissionalismo que se busca cada vez ao trabalho voluntário. “As ONGs têm um papel excepcional nos municípios, cumprindo uma função de governo, mas esse trabalho deve ser feito com seriedade, entendendo que o voluntário é um profissional e as entidades precisam ter uma gestão profissional, o comitê vai ajudar muito”, observa.
Iniciativa da ACIJS e do Núcleo de Voluntariado Corporativo ACIJS, o Encontro Empresarial teve o apoio da Levmed, Ravenna | Jeep, SicoobCEJASCRED e Top Sun. Após o evento, um coquetel de relacionamento no Salão de Eventos Rodolfo Hufenüssler encerrou a programação.
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