O avanço tecnológico e o crescimento do uso da internet nas decisões de compras impõem ao varejo a necessidade de atualização constante não só em termos de estrutura e da capacidade de atendimento, mas, principalmente, na definição estratégica do negócio. Estabelecer um propósito e ter foco na atenção ao consumidor podem ser atributos decisivos para a sustentabilidade da empresa.
A avaliação é da especialista em e-commerce Ana Cristina Souza, ao participar de painel que discutiu evolução e tendências do varejo, durante a plenária ACIJS-APEVI nesta segunda-feira (6), no Centro Empresarial de Jaraguá do Sul. Gabriel Seifert, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas, traçou um panorama do comércio local, e reforçou a importância do empresário acompanhar a evolução do setor como forma de assegurar a fidelização do consumidor.
Para Ana Cristina, investir em plataformas de e-commerce não representa mais uma tendência, mas sim uma condição irreversível. Disse que o empresário deve buscar a integração do meio físico à venda on line. “Se você não investir nestes canais, alguém vai fazer”, assinalou, lembrando indicadores que apontam que pelo menos 55 milhões de brasileiros realizaram alguma compra virtual em 2017.
Entretanto, ela aponta que ainda há dificuldades para a expansão do comércio eletrônico. Além da cultura tradicional que caracteriza o comércio, com um sistema de vendas baseado na relação entre indústria e as lojas físicas, a falta de maior qualificação para as novas tecnologias e a infraestrutura que dá suporte ao comércio eletrônico.
No ano passado, 27,3% do primeiro contato para compras foram feitos por dispositivos móveis como smartphones, mas em 72,7% elas foram concluídas no desktop. “Ou seja, o acesso é maior, mas as finalizações de compra se dão no computador. A tecnologia 5G vem para dar maior velocidade e segurança às conexões”, completa.
No painel, a consultora ressaltou a importância de se estabelecer um propósito para a empresa. “Este deve ser o principal objetivo, não fazer porque o concorrente está fazendo, mas para oferecer uma experiência ao cliente, pensando muito mais do que uma compra e ofertando outras possibilidades na sua ida à loja”.
O foco no consumidor final também é apontado pelo presidente da CDL como uma maneira de conquistar a fidelização. O empresário entende que o comércio eletrônico já é uma realidade incontrolável. Dado recente, disse Gabriel Seifert, mostra que 75% dos pesquisados utilizam dispositivos móveis para pesquisa preços antes de efetuar a compra.
“Ou seja, o cliente está na loja, mas com a possibilidade de comparar preços ao mesmo tempo”, ilustra. Para ele, um dos desafios é preparar as equipes para saber argumentar na venda e, também, para o uso de ferramentas tecnológicas como os aplicativos e nas redes sociais.
O presidente da CDL também avaliou o comportamento do comércio de Jaraguá do Sul, que no dia 3 de agosto completou 50 anos de organização associativa. Para ele, o varejo local tem acompanhado as variações do setor no Brasil e no estado, apresentando recuperação gradual depois de três anos de queda nas vendas.