Pensar a cidade como um organismo dinâmico, que precisa ser olhado de forma constante em direção ao que as pessoas desejam como espaço onde vivem e trabalham, discutindo meios para um planejamento urbanístico com sustentabilidade e capaz de assegurar bem-estar e qualidade de vida.
Reflexões como essa foram a tônica do 1º Seminário de Urbanismo de Jaraguá do Sul, iniciativa que reuniu especialistas da área, representantes do poder público e da sociedade civil no dia 26, no Centro Empresarial.
A realização do evento foi uma iniciativa do Grupo de Trabalho de Urbanismo integrado ao Comitê de Desenvolvimento Econômico de Jaraguá do Sul, criado em 2024 com a participação da Prefeitura e entidades representativas para atuar nas questões do planejamento e propor sugestões de melhorias para a cidade.
A organização do seminário teve a participação da Associação Empresarial (ACIJS), Serviço de Apoio às Micro e Pequena Empresa (Sebrae/SC), Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA/SC), Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Associação de Engenheiros e Arquitetos de Jaraguá do Sul (AEAJS) e Prefeitura.
Em torno do tema central – “Da cidade que temos, à cidade que queremos”, o seminário abordou aspectos que norteiam o planejamento de espaços urbanos, mostrando como a tecnologia pode ser utilizada a favor da criação de ambientes favoráveis à convivência, com a ocupação ordenada e economicamente sustentável, com locais funcionais e esteticamente agradáveis para a comunidade.
Luciana Fonseca e Francisco Maraschim Zancan, arquitetos e urbanistas convidados desta primeira edição, mostraram como as cidades podem responder aos desafios do desenvolvimento, preservando as referências do passado e integrando equipamentos modernos. Diretora do Instituto Cidades Responsivas e da Escola Livre de Arquitetura, de Porto Alegre, Luciana falou sobre o conceito de cidades responsivas, ou a capacidade de espaços urbanos se adaptarem às mudanças, com estratégias que pensem o futuro em desenvolvimento com sustentabilidade.
“Jaraguá tem um enorme potencial nesta direção, com uma arquitetura de paisagem que oferece possibilidades de uma nova centralidade, é uma cidade com muitas possibilidades de continuar se desenvolvendo com qualidade”, sugere Luciana. Para ela, um passo importante nesta direção é a convergência de pensamentos, o esforço coletivo de todos os setores ativos da sociedade pensarem terem o mesmo olhar, apontando a relevância do seminário nesta direção.
Francisco Zancan, fundador da Space Hunters, empresa que atua com localização estratégica e análise de impactos urbanos, que conheceu juntamente com Luciana locais como a Via Verde, Parque da Inovação e a região central, traçou uma radiografia do que encontrou em Jaraguá com imagens e referências sobre intervenções arquitetônicas que, segundo ele, impactam a cidade. “Me surpreendi com a cidade positivamente, pela sua organização e planejamento. A cidade tem potencialidades e ainda não tem problemas que muitas cidades brasileiras apresentam, há muito mais oportunidades do que ameaças”, afirma.
O auditório do Centro Empresarial, com mais de 300 participantes, surpreendeu os palestrantes. “Vivemos em uma cidade, estamos dentro deste planejamento, onde a economia gira. Não dá para termos uma discussão sobre urbanismo sem a participação de todos os setores envolvidos. As pessoas não podem ficar descoladas dessas discussões, porque não se consegue ter uma cidade pensada para as pessoas, sem que as pessoas que moram nela participem do seu planejamento”, completa Francisco.
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[fotos de Caroline Stinghen]








Para a ACIJS, crescimento da cidade exige ações rápidas e inovadoras
A engenheira Elisane Bender de Freitas, vice-presidente de Assuntos de Urbanismo da ACIJS, coordenadora do GT de Urbanismo, destaca que o propósito do seminário foi alcançado, com a participação expressiva de representantes de vários segmentos da comunidade. Ela reforçou a ideia central do evento, de estimular gestores, profissionais e comunidade a pensar conjuntamente a importância do planejamento urbano, bem como debater os procedimentos, modos de operacionalização e alertar sobre a importância do urbanismo para a vida social e econômica das pessoas.
Para a presidente da ACIJS e do Centro Empresarial, Caroline Obenaus Cani, os desafios que as cidades enfrentam cada vez mais exigem ações integradas e inovadoras sob a ótica do planejamento urbano. Ela acentua o papel da sociedade, de maneira geral, a pensar soluções que vão impactar de imediato, nos médio e longo prazos, o espaço urbano que ocupamos.
“Precisamos ser criativos e ousados na solução de questões como mobilidade, que envolve repensar o transporte coletivo e a ampliação do uso de meios alternativos de menor impacto ambiental. Mas também no campo da infraestrutura urbana a modernização de serviços essenciais, da saúde à educação, da segurança pública à habitação, enfim, de tudo o que permeia o lugar em que vivemos e que assegurem mais dignidade e qualidade de vida a todos”, reforçou Caroline. Ela lembrou ainda o papel da ACIJS, como representante da classe empresarial, de ter o assunto como pauta permanente, “porque cuidar da nossa cidade e da nossa região é um dos propósitos que acompanha a história da ACIJS há mais de 8 décadas”.
“O seminário tem uma importância fundamental para disseminar entre os profissionais da área, junto da classe empresarial e do setor público, formas como podemos pensar a cidade para os próximos anos. A visão que os especialistas trouxeram, sobre como mundo trata essa questão e como pensa o planejamento urbano com planejamento traz referência para um desenvolvimento com qualidade”, disse o presidente da CDL, Paulo Roberto Schwarz. Para o empresário, o que o evento deixa como ensinamento é a lição de que se pode planejar a cidade de maneira criativa, com flexibilizações na interpretação e aplicação de legislações, sem comprometer o ordenamento legal, e priorizando a cidade como um local que melhore a vida das pessoas.
Para o secretário de Planejamento e Urbanismo, Anselmo Jorge Ramos, dois aspectos marcam a realização do evento: a relevância e a oportunidade de se debater o tema num ambiente que reúne as principais entidades do município.
É um momento importante, segundo Ramos, porque a cidade já vem tratando da programação de 150 anos, que serão completados no ano que vem. Lembra que movimentos anteriores já haviam ocorrido na década de 1990, em 2010 e depois pensando na cidade para 2030, chegando agora ao planejamento de Jaraguá para 2050. Nestas discussões, destaca, houve a participação de 72 instituições que discutiram a cidade e alinharam pontos para a continuidade do seu desenvolvimento econômico e social.
“O seminário, agora, tem a importância de retomar estes debates sobre novas linhas de estilos urbanísticos, de consolidação do que pode ser feito para os próximos anos, quais os passos para a Jaraguá do Sul dos próximos 50 anos”, assinala.
O inspetor regional do CREA/SC, Osmar Günther, e Zenilde Balsanelli, também acentuaram a relevância do seminário, para o planejamento futuro da cidade com sustentabilidade.