Reportagem especial do Grupo OCP de Comunicação, publicada no dia 15 de abril, registra os 10 anos que se passaram desde a assinatura da ordem de serviços para a duplicação da BR-280.
Do ato, em Brasília, até os dias atuais, a obra segue em ritmo lento, contrastando com as promessas do governo federal de entregar a rodovia duplicada e atender reivindicação de pelo menos 20 anos da comunidade da região Norte-Nordeste de Santa Catarina.
“A promessa era de um trabalho rápido devido à importância da obra e, assim, o canteiro de serviços foi ins[1]talado na região Norte do estado. Uma década transcorreu e o projeto de uma extensão 74,58 km, subdividido nos lotes 1, 2.1 e 2.2, segue a passos lentos”, relembra a reportagem, que ouviu lideranças sobre os impactos que a demora na conclusão do projeto trazem aos municípios da região.
Falando em nome da classe empresarial de Jaraguá do Sul, a presidente da ACIJS Ana Clara Franzner Chiodini é enfática quanto às preocupações do setor produtivo. “Temos um gargalo na logística de transporte e na mobilidade regional que exige solução mais rápida”, ressalta Ana Clara, diante da perda de competitividade para a economia regional, além do grave quadro de falta de segurança aos usuários da rodovia de maneira geral.
A empresária lembra que a ACIJS mantém um Grupo de Trabalho permanente de acompanhamento do projeto, além de atuar ao lado de outras entidades organizadas para que a duplicação seja acelerada e tenha recursos garantidos no orçamento federal. “Diante da lentidão em que os serviços são executados, o setor produtivo vê perdas na integração logística da região que se acentuam a cada ano, afetando a capacidade de escoamento da produção e a movimentação de matérias primas e produtos circulando na extensão da rodovia do planalto ao porto de São Francisco do Sul, com impacto econômico e perda de atratividade a investimentos”, destaca OCP.
Como forma de resolver parte do gargalo em termos de mobilidade no acesso a regiões que têm conexão com outros eixos viários, a ACIJS defende a priorização do lote 2 no trecho entre a BR-101 e Guaramirim-Jaraguá. Neste lote, os serviços estão mais adiantados e há menores impactos ambientais e outras questões que têm judicializado a obra. “Com a conclusão desta etapa do projeto, haveria um ganho significativo na mobilidade e na própria segurança para quem utiliza a rodovia, o que é positivo para as empresas e a comunidade regional”, completa Ana Clara, lembrando a importância também da conclusão da duplicação no trecho estadualizado, com promessa de entrega até abril de 2024.
Uma análise expedita feita pela FIESC – Federação das Indústrias de Santa Catarina, realizada em março deste ano, sobre a situação das obras de duplicação da BR-280 e a urgente necessidade da conclusão do projeto apontou que o término dos três trechos – exceto a travessia do Canal do Linguado – dependerá de investimentos de R$ 920 milhões. Além disso, o ritmo do andamento das obras denuncia dificuldade de entrega dos serviços nos prazos previstos. Por meio de nota, o DNIT – Departamento Nacional de infraestrutura Terrestre informou que os serviços têm previsão contratual até 2024, no caso do lote 2.1, e até 2025, no caso dos lotes 1 e 2.2.
O presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar, destaca que os estudos feitos pela federação objetivam “fornecer subsídios e sensibilizar os governos estadual e federal e as lideranças políticas para a necessidade urgente de serem alocados recursos para a execução das obras de duplicação da BR-280 a fim de garantir o desenvolvimento socioeconômico do Estado”.
Outras lideranças da região comentam sobre a importância da obra e os reflexos causados pela demora na conclusão do projeto.
“Nós necessitamos muito da obra para logística e todo o deslocamento dos produtos industriais para distribuição no Brasil. O que ajudaria nesse momento seria uma segunda faixa pelo acostamento como demanda paliativa para BR-101 a São Francisco do Sul. Minha indignação é com o trecho de Guaramirim a 101. Não tem explicação essa morosidade. A alegação é falta de recursos. Mas nós merecermos uma atenção maior. Hoje somos prejudicados na captação de mais indústrias, afirma Célio Bayer, vice-presidente regional da FIESC para o Vale do Itapocu.
Segundo o deputado federal Carlos Chiodini, para 2023, estão previstos mais que o dobro de recursos para investir em obras federais. “Já estive por duas vezes com o Ministro da Infraestrutura, Renan Filho, que assegurou R$ 880 milhões em investimentos no Estado”, informou o parlamentar na reportagem.
O deputado federal Fabio Schiochet lembra que a duplicação da BR-280 é a maior demanda da região, uma obra fundamental para Santa Catarina. “Mesmo assim, lamento a morosidade para a conclusão da parte federal da obra, trabalhei junto ao governo passado em reuniões com o então ministro Tarcísio de Freitas e vou continuar a cobrança junto ao governo atual em audiências nos ministérios responsáveis pela obra”.
Para o deputado Vicente Caropreso, a bancada federal deve estar unida pela duplicação da rodovia. “Nós temos que fazer um esforço muito grande para que a Bancada Federal possa se multiplicar e convencer a se unir em torno dessa obra”.
O deputado estadual Antídio Lunelli lembra que acompanha as obras da BR-280 há muitos anos. “Ainda como prefeito de Jaraguá do Sul, reforcei a importância da duplicação para toda a região porque, desde o início dos trabalhos, falta vontade política e priorização. Agora, como deputado estadual e presidente da Comissão de Transportes, preciso continuar batendo nessa tecla, já que pouco se avançou na duplicação”, menciona o parlamentar na reportagem.
>>> Confira a íntegra da reportagem >>> https://bit.ly/40hcGou.